Você sabe de onde vem a água quente que você usa no seu apartamento?
Com o inverno, aumentam as queixas sobre os gastos com eletricidade e gás nos condomínios. Isso ocorre pois, infelizmente, os sistemas de aquecimento de água, sejam eles individuais ou coletivos, na sua grande maioria ainda são baseados em equipamentos que utilizam essas duas fontes de energia.
Muitos empreendimentos são pensados para que essa questão seja resolvida dentro das unidades autônomas. Assim apartamentos podem ter chuveiros elétricos, aquecedores de passagem e boilers elétricos ou à gás. Sistemas individuais elétricos são sempre mais justos pois 100 % das unidades pagam pelo seu próprio consumo. Por outro lado, sistemas individuais a gás podem estar sendo pagos coletivamente pois nem sempre há um sistema individualizado que permita aferição e cobrança pelo real consumo de cada uma das unidades autônomas.
Mas e quando não temos fontes de aquecimento dentro das unidade? Nestes casos temos as chamadas centrais térmicas, as quais podem ser projetadas de muitas maneiras. Elas podem ter sistemas com baterias de aquecedores de passagem, tanques de acúmulo ou caldeiras, sistemas mistos com aquecimento solar ou ainda sistemas com trocadores de calor indiretos. Independente de como é feita a geração de calor, sendo ela feita na área comum, o responsável pelo fornecimento é o condomínio.
Dessa forma, a primeira grande distinção que se deve fazer sobre o fornecimento de água quente é se ele é feito através de um sistema que funciona dentro ou fora das unidades. Depois devemos, claro, que pensar em custos, e sistemas mistos, onde se pode mesclar fontes de geração de energia. Sempre serão os melhores pois na medida que uma dessas fontes fica com valores maiores, podemos calibrar o sistema para utilizarmos o outro. Tal qual um carro de motor flex.
E porque é importante entender como o aquecimento de água funciona? Para se estabelecer quem é responsável pela manutenção e pela constante busca de otimização do sistema visando economia e conforto.
Então vamos para o ponto fundamental dessa reflexão, que vai muito além da temperatura e pressão, ou seja, quem paga a conta do conforto de se ter água quente abundante. Geradores de água quente elétricos dentro das unidades vão gerar contas de consumo 100% pagas por seus moradores caso haja um medidor de água fria instalado para casa unidade.
Caso não haja um hidrômetro instalado cada um paga pela eletricidade gasta mas todos pagam juntos pelo consumo da água. No caso das centrais térmicas, todos os moradores pagam pela sua manutenção e gastos com energia elétrica. Água e gás podem ser rateados por consumo, pois existem equipamentos que medem tanto a água quente como a água fria – os hidrômetros- e pela medida do consumo da água quente pôde-se inclusive determinar quanto de gás se cobrará de cada unidade.
Porém, nem sempre os edifícios foram projetados assim, de tal forma que, muitos prédios com centrais térmicas têm as contas rateadas por fração ideal e não pelo real consumo. Hoje a lei proíbe que se entregue empreendimentos que operem assim, afinal o justo é que cada um pague por aquilo que gasta ficando claro à cargo da administração acompanhar as contas e eventualmente sugerir melhorias objetivando maior economia a todos.
Para finalizar vale refletir que, na prática, quando o consumidor paga pelo seu próprio consumo geralmente ele tende a economizar mais. Quando se racha a conta com os demais, nem sempre há a conscientização de todos no sentido de não desperdiçar. De toda forma, seja qual for o sistema, e se vc paga a sua conta individualmente ou não, sempre é importante lembrar que devemos sempre buscar otimizar os recursos naturais, pois independente do custo e da situação financeira de cada um, um dia eles podem acabar.
Lígia Ramos é síndica profissional, atua na D’Accord Síndicos, arquiteta e bióloga