Problemas com o clima político no condomínio? SíndicoLab Responde
É inegável como as eleições têm mexido com as emoções do brasileiro. O condomínio sendo um microcosmo da nossa sociedade, acaba refletindo esse clima no ar.
Não são poucas as situações relatadas pela mídia de desentendimentos e confrontos em condomínio envolvendo opiniões e posições políticas.
Nessa “edição extra” do SíndicoLab Responde, nossos especialistas oferecem sua expertise sobre a seguinte pergunta:
Nosso condomínio tem enfrentado alguns problemas mais sérios de convivência devido ao momento político do país.
Que dicas vocês dão para mim, como síndico, tentar melhorar o clima?
Confira o vídeo dos especialistas:
Mauro Conte: Tenho visto esse tipo de situação também. Já tive um caso também, em um condomínio de grande porte, essa discussão mais pesada, mais apimentada sobre política, sobre os candidatos à presidência especialmente. O que eu tenho feito é conversar com as pessoas, para entender quem é o líder do grupo, quem é que está provocando o outro grupo, e chamo para uma conversa, tentando passar um pouco do que é importante para uma boa convivência.
Independente das questões políticas, questões de futebol, não importa. Cada um tem seu direito, suas convicções, suas preferências, desde que não incomode a coletividade, o vizinho. É botar panos quentes, porque não tem uma regra, não tem uma previsão do que o síndico pode fazer. Eu entendo que é como se fosse qualquer outro tipo de tumulto, uma atitude antissocial – então, o primeiro passo é uma boa conversa, tentando fazer as pessoas terem consciência de que é um condomínio.
Nós temos que pensar que no coletivo e, no meu caso, nós conseguimos dar uma aliviada nesse clima, que já estava indo para um nível preocupante. A discussão começou em uma brincadeira, a coisa foi evoluindo, aí houve troca de insultos, e a coisa foi piorando, e eu fui acionado. Convoquei os líderes, as pessoas que estavam mais envolvidas nessas questões – especialmente no grupo dos moradores – e tive uma conversa bacana, leve e respeitosa, e obtive sucesso.
Não há uma regra, uma fórmula mágica. É realmente chamar a pessoa, botar o pé no chão, entender e, lógico, daqui a pouco teremos o resultado das eleições, e espero que isso se resolva.
Ligia Ramos: As pessoas estão preocupadas porque está tendo muita briga nos condomínios. O que a gente, como gestor, pode fazer? Quem comete exageros, tem que ser notificado e multado. Simples assim. E quem está assim, um pouquinho fora do normal, vale bater um papo, chama no particular, tenta falar para essa pessoa que não é necessário que ela brigue com o vizinho. Depois, passam as eleições e o vizinho continua morando aí. Imagina, se indispor? Não tem sentido.
A gente está vendo briga de família, uma discórdia. A gente já tem tantas outras questões para lidar. Imagina depois de isso tudo acontecer? Porque, na verdade, o real exercício da democracia é esse: um vai ganhar, o outro vai perder, e é o desejo da maioria que deve ser expresso – legitimamente através do voto, que, afinal das contas, é secreto.
Então, incentive as pessoas a falarem menos, as pessoas podem ir e vir, usar a camiseta que quiser. Mas ficar colocando bandeira, fazendo comício dentro do condomínio, isso o gestor não pode permitir. Nós temos que incentivar as pessoas ao acolhimento, porque independente de quem vá ser o vitorioso nas urnas, a gente tem que torcer para dar certo. Estamos todos no mesmo barco.
Então, neste momento, o gestor tem que incentivar a não –polarização, incentivar as pessoas a se informarem. Que tal elas estudarem planos de governo, não é verdade? – ao invés de ficarem batendo boca. Olhar para dentro e votar de acordo com as nossas convicções, com o que a gente acha melhor. Não é no grito que a gente vai convencer ninguém. Assim, só vamos criar inimizades e, possivelmente, criar situações mais difíceis ainda depois que as eleições passarem.
Stefan Jacob: O conflito entre vizinhos é algo bastante comum em condomínio. Independente da época: de é política, futebol, religião. A gente sabe que esses assuntos são bastante problemáticos, principalmente em uma convivência diária.
Mas eu recomendo que o condomínio não se envolva nessas questões turbulentas. É muito mais bacana se o condomínio promover outros eventos que não tenham esses assuntos. Por exemplo: uma festa comunitária, um campeonato de video game. Alguma coisa que envolva os condôminos, a ponto que eles esqueçam essas diferenças e se unam em outro propósito.
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