Gentileza em condomínios
Dia 13 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Gentileza. Nada mais natural termos uma data para celebrar aqueles pequenos gestos de atenção que fazem tanta diferença para quem é impactado por eles.
E como anda a gentileza no seu condomínio? É um espaço coletivo para troca de cordialidade e gentileza entre vizinhos ou um ambiente hostil para diversos moradores? Você sabia que esse tipo de clima pode impactar, inclusive, no valor das unidades? Afinal, ao comparar dois empreendimentos do mesmo padrão e idade, aquele que tiver melhor convivência entre os moradores com certeza abrirá uma certa vantagem.
Fomentar a gentileza, então, pode ser mais uma das muitas missões de um ótimo síndico profissional – mas aquele tipo de missão que não está escancarada em nenhum manual do tipo.
Como ajudar os condomínios a serem mais gentis?
“Quanto melhor o trabalho do síndico, no conjunto da obra, mais parece que isso influencia, porque parece que as coisas andam melhor, aponta Karine Prisco, síndica profissional no Rio de Janeiro.
“Quando começa a dar muito problema nas áreas comuns, a gentileza também fica mais difícil”, reflete.
Então, é importante saber que quando as situações saírem muito do controle, é fato que os humores dos moradores poderão estar impactados diretamente.
“É muito importante que o síndico aposte em uma comunicação clara e direta com os moradores, principalmente quando se tratar de algo que vai se desdobrar na rotina deles. Uma manutenção nos elevadores, uma obra na área comum. Esse é o tipo de coisa que deve ser aviso o quanto antes e reforçado, para não pegar os moradores de surpresa”, ensina Marcio Zaitz, vice-presidente da administradora BBZ.
Pandemia e seus reflexos nas relações pessoais no condomínio
Quando a pandemia estava em seu auge foi possível testemunhar muitos atos de gentileza nos condomínios.
“Aconteceu bastante nessa época, de vermos casais mais jovens se oferecendo para fazer as compras, ir à farmácia, para os idosos aqui do condomínio”, aponta Amanda Accioli, síndica profissional e advogada especializada em condomínios.
Outro ponto positivo que a advogada levantou é que houve também um aprofundamento das relações, principalmente com os funcionários de condomínio.
“Eu mesma, passei a conhecê-los melhor e fazia sobremesas, bolos, descia e oferecia para eles. Um carinho que não é obrigação, mas que faz bem para todo mundo”, exemplifica Amanda.
O outro lado que a pandemia trouxe não foi tão agradável. Se por um lado os idosos estavam sendo cuidados e muita gente estava conhecendo melhor os funcionários do condomínio, por outro os conflitos envolvendo barulho explodiram neste mesmo período.
Muita gente achou que a sua necessidade era maior que a do seu vizinho – um comportamento mesquinho, mas também um pouco compreensível diante do cenário de incerteza vivido. A grande maioria das pessoas teve que ficar em casa trabalhando, estudando, fazendo reuniões.
Com crianças ou sem, enfrentando uma reforma própria ou do vizinho, em muitos momentos a gentileza foi deixada de lado em condomínio.
“Começamos a pandemia com um gás diferente, de que iríamos sair mais fortes, unidos e evoluídos dessa situação. No final, senti que, fora os idosos, pouco de alterou na vida em comum”, explica Karine Prisco.
Em se tratando dessa faixa etária, Karine tem um cuidado extra, principalmente com os aqueles que moram sozinhos.
“Sempre peço para os porteiros ficarem de olho, caso um idoso que tenha hábito de descer todo dia, não o faça de repente. Assim, conseguimos saber caso algo tenha acontecido. Não é obrigação do síndico e nem dos funcionários, mas é uma gentileza e deixa todos mais tranquilos”, argumenta a síndica profissional, que atua no Rio de Janeiro.
Tratamento interpessoal no condomínio e gentileza
Vale dizer que para ser considerado um ambiente gentil, esse cuidado deve imperar em todas as relações no condomínio – e não apenas entre os moradores.
“É muito valioso que os síndicos tratem bem não apenas os moradores, mas também funcionários, fornecedores, corpo diretivo. Quando o líder dá esse exemplo fica mais fácil de todos entenderem que é assim que as relações devem acontecer naquele local”, explica Fernando Alexandre, diretor da administradora Personalité Condomínios.
A psicóloga e síndica profissional Jailma Brito explica que também é importante que cada um dê seu limite para o próximo – seja ele um vizinho, o síndico ou um conselheiro.
“Quando somos sempre gentis, educados, a pessoa que não é dessa forma vai se constranger em ser mal educada com a gente. Mesmo se ela tentar, é importante ser firme e delimitar até onde a pessoa pode ir”, aponta ela.
Outro ponto levantado por Jailma que pode impactar positivamente o clima do condomínio é a tão famosa empatia.
“Nossa prática deve ser compatível com o nosso caminhar. Empatia não é apenas o outro se colocar no meu lugar, mas eu também me colocar no lugar dele”, explica.
Mas para dar o start na empatia, primeiro é importante conhecer, trocar um mínimo de tempo com qualquer pessoa.
Eventos no condomínio
Esse tipo de iniciativa foi quase que unanimidade entre os especialistas ouvidos pelo SíndicoLab.
“Dois, três eventos por ano no condomínio são importantes, sim. As pessoas se conhecem em um ambiente mais descontraído, o que gera mais harmonia e troca entre todos”, conclui Jailma.
“Confraternizações, eventos voltados para a saúde, por exemplo. Qualquer programa que ajude as pessoas a descer e a se conhecer melhor vai ter um impacto legal para o condomínio como um todo”, concorda Fernando Alexandre, da Personalité.
Uma boa sugestão, para os empreendimentos que contarem com espaço suficiente, são food trucks que podem variar toda semana. É uma ótima maneira de reunir os moradores e ainda agregar um diferencial a sua gestão.
Gentileza e assembleia condominial combinam?
Para que a assembleia não vire uma praça de guerra é fundamental que o síndico tome também alguns cuidados.
“Quando o gestor tem uma boa comunicação com os moradores e funcionários, tudo fica mais fácil e com clima mais leve – principalmente em assembleia”, apina Fernando.
Outro ponto que ajuda muito para que o encontro seja mais tranquilo é, logo no início dos trabalhos, sejam combinadas as regras de tempo e de quem vai poder ter a palavra e como.
“O síndico profissional, principalmente, não pode ser nem bonzinho demais e nem autoritário demais. Tem que seguir as regras pré-determinadas com todo mundo, sem nunca deixar de seguir a convenção e o RI. Se os síndicos profissionais olharem com carinho, o dia da gentileza pode ser todos os dias”, finaliza Marcio Zaitz.
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