Dicas do dr Pet para animais e condomínios
Os pets foram uma companhia preciosa durante o período mais intenso da pandemia. Muitas famílias adotaram um novo membro para o clã, como uma forma de realmente dar e receber amor em um momento em que havia muita tensão no ar.
Todos foram felizes com esse arranjo. Até que a vida começou a voltar “ao normal”. As crianças puderam voltar à escola, e os adultos, ao escritório. Os bichos, então acostumados com a atenção e presença das pessoas 24h por dia, se viram sozinhos – muitos pela primeira vez.
É verdade que a vida é marcada por períodos de mudança, e isso pode ser difícil até para os humanos entenderem. Assim, o número de reclamações envolvendo animais em condomínios explodiu nos últimos meses.
“Estamos realmente passando por um momento em que o número de reclamações envolvendo latidos e cachorros sofrendo durante o dia aumentou de forma expressiva”, aponta Rafael Bernardes, síndico profissional e co-fundador do SíndicoLab.
E, como sabemos que os animais fazem parte das famílias, eles vão continuar no condomínio. A pergunta que se deve fazer agora é: como evitar que os animais sofram. E, assim, façam menos barulho.
Para tratar deste assunto, nada melhor que um grande especialista sobre o tema. Alexandre Rossi, também conhecido como dr Pet, traz diversas dicas para repassar aos donos dos pets sobre como deixá-los mais tranquilos na ausência de seus tutores.
“Os cachorros são animais mais sociais. Para eles, estar sozinho pode ser sinônimo de perigo”, aponta Samantha Melo, adestradora da Cão Cidadão e coordenadora de conteúdo.
“O melhor é ensinar seu cachorro a ficar bem sozinho. Quando ele é filhote, é mais fácil de aprender. Porém, animais mais velhos também conseguem”, adiciona ela.
Quando o animal late desesperado e arranha a porta querendo que seu dono volte, isso gera uma ansiedade no animal que pode ser comparado a um ataque de pânico.
“O mais importante, e o primeiro passo para isso, é tirar o cachorro dessa situação. Vale consultar um adestrador e um veterinário comportamental. Juntos, eles podem colaborar e muito na melhora de comportamento do animal”, ensina Alexandre.
“Além das opções como passeadores – que até podem ser vizinhos que se deem bem com o pet – há hoje também a opção das creches, chamadas e day care para os animais, uma opção que se barateou bastante nos últimos anos”, aponta Rafael Bernardes.
Mas para quem deseja treinar seu pet em casa, Alexandre Rossi e Samanta Melo dão um passo a passo de como acostumar o pet.
“Precisa ter muita paciência, porque não vai ser das primeiras vezes que o pet vai acertar. Mas com certeza vai valer a pena”, argumenta Samanta. Vamos às dicas:
1 – Montar um cantinho seguro
No lugar que o pet mais convive com o tutor. Pode ser no sofá da sala, por exemplo. Ali, é importante ter uma caminha com os brinquedos favoritos, uma roupa com o cheiro do dono. Brincar bastante com o pet ali, para ele, justamente, se sentir seguro no local e ensinar onde é a caminha: chamar o cachorro para a caminha e fazer carinho, dar atenção, quando ele for até ali;
2- Treinar deixá-lo seguro na caminha
Coloque um petisco na caminha. Saia do ambiente e volte. Vá fazendo isso diversas vezes. Ao perceber que o animal está se sentindo mais seguro, vá aumentando o tempo entre sair e voltar do ambiente. É algo que vai evoluindo bem aos pouquinhos, mas que é fundamental;
3- Rituais de saída
Você coloca o tênis e ele chora? Coloque o tênis e sente no sofá para assistir TV. Pegue a chave do carro e vá fazer o almoço. A ideia aqui é desassociar certos comportamentos com a sua saída;
4- Atividades individuais
É importante, para a autonomia do bicho, dar coisas para eles fazerem sozinhos. Brinquedos para roer ou um petisco recheado que demore mais para ser comido. Deixe sempre os petiscos em cima da caminha do animal, no cantinho seguro. Se ele sair e for até você, chame ele de volta para a caminha, e vá acostumando o animal desta forma;
5- Não fazer festa quando chega e nem se despedir ao sair
Ao chegar em casa, não dê atenção imediatamente ao bicho. Vá para o quarto, troque de roupa, dê um tempo para que o pet entenda que você chegar em casa não é nada de mais. Se despedir também não é recomendado, geralmente os tutores sofrem junto com o bicho.
6- Atividades físicas e mentais diárias
Na natureza, os animais precisam andar e pensar muito para se alimentarem. Muito diferente da vida que levam junto ao homem. Apostar em passeios para drenar a energia e treino com aquelas bolinhas que vão soltando grãos de ração também são ótimos para manter o seu pet interessado e focado por um certo período.
7- Enriquecimento ambiental
É importante que a unidade possa ser um lugar interessante para o animal. Aposte em texturas diferentes, esconder petiscos e tapetes de forrageamento, que também estimulam o animal. Há também a Dog TV, um canal pensado para cães.
Vale dizer que a grande maioria das dicas dadas é pensada em cães, já que a grande maioria das reclamações de barulho envolve cachorros.
Os gatos, porém, também sofrem com a ausência dos tutores e podem comer menos na sua ausência.
“Aposte naquelas bolinhas que o gato precisa rolar para comer grãos de ração”, ensina Alexandre Rossi.
Como lidar com as reclamações de barulho de animais no condomínio
E como os síndicos profissionais têm lidado com essas demandas de moradores que escutam, principalmente os cachorros, chorando?
“Sou um cara bastante conciliador. A maioria com quem eu conversei, os animais pararam de fazer barulho e eu não recebi mais reclamações. Acho que a grande dica é não expor quem está reclamando. Isso ajuda a evitar animosidades no futuro”, pontua Aldo Busuletti.
Carine Matos, diretora da administradora Company, aponta que a falta de experiência de todos em viver uma pandemia gerou uma sensação de que ninguém sabe mais o que está acontecendo.
“Estamos todos, humanos e animais, em um estado de contenção já há quase 2 anos. Entendo os animais fazerem barulho e os vizinhos se incomodarem, mas aqui vejo muito uma preocupação com o sofrimento dos pets”, aponta ela.
Além de sugerir creches para os cachorros em casa sozinhos o dia todo, ela também indica apps de passeadores de cães.
Mas quando nem a dica e nem o diálogo dão certo, o síndico precisa agir.
“Depois de dialogar, tentar entender, dar um tempo para o morador se acertar. Se o cachorro continuar a latir, incomodando e preocupando os vizinhos, infelizmente é preciso advertir e multar”, explica.
Melhorias para os animais nos condomínios
Após enfrentar diversas reclamações envolvendo os pets em um dos condomínios onde atua, o síndico profissional Gustavo de Campos conseguiu aprovar e implantar um espaço pet nas áreas comuns.
“Foi importante para a maioria, já que o espaço está sendo bem usado”, aponta ele.
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