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Datena e as Assembleias de Condomínios

Datena e as Assembleias de Condomínios. Quando Datena lançou uma cadeira contra Pablo Marçal durante um debate na TV Cultura, foi como se ele trouxesse para o palco da política uma cena comum em assembleias de condomínio. Sim, esse cenário onde a troca de farpas e agressões verbais às vezes esquentam tanto que quase viram um ringue de UFC. Afinal, quem nunca presenciou uma assembleia acalorada, onde a razão é substituída pelo impulso? O que parecia ser apenas um embate político virou um reflexo do que acontece em muitos condomínios por aí: quando as palavras falham, a cadeira vira arma.

O episódio Datena versus Marçal é um alerta. A política nacional não está tão distante da política condominial. Nas assembleias, não é incomum encontrar síndicos e moradores no limite, prontos para sacar suas “cadeiras” metafóricas. Claro, ninguém ali (espero) está literalmente jogando móveis uns nos outros, mas já vimos discussões inflamadas, dedos em riste e vozes elevadas a um nível que faria inveja aos debates eleitorais. A questão é: por que essa explosão de emoções acontece em espaços que deveriam ser, por definição, de debate civilizado?

Assim como no cenário político, as assembleias de condomínio refletem a dificuldade humana de lidar com o contraditório. A reunião que deveria ser um espaço para discutir melhorias, muitas vezes se transforma em um campo de batalha. No lugar de ideias e propostas, o que vemos são ataques pessoais e um desfile de egos feridos. E é aí que o paralelo com o episódio entre Datena e Marçal se torna inevitável: ambos mostram como a intolerância ao contraditório pode rapidamente se transformar em violência.

No entanto, diferente do debate político, onde há uma audiência maior e, muitas vezes, consequências mais sérias, a violência em assembleias é vista como algo “do cotidiano”, um incômodo rotineiro que não deveria acontecer. Mas será que podemos continuar tratando essa violência como algo normal? Assim como no debate eleitoral, as assembleias são espaços de tomada de decisão que impactam a vida de todos os envolvidos. Quando a cadeira voa, seja ela real ou metafórica, todos perdem.

O incidente entre Datena e Marçal é um lembrete de que precisamos repensar a forma como lidamos com os conflitos, seja na política nacional ou no microcosmo dos condomínios. Talvez seja hora de trocar as cadeiras voadoras por cadeiras mais confortáveis, onde todos possam se sentar, ouvir e, quem sabe, sair do “debate” com mais soluções do que desavenças. Porque, no final das contas, tanto no condomínio quanto na política, não é a força ou a violência que deve prevalecer, mas sim o diálogo e a busca pelo bem comum.

Rafa Bernardes – Cofundador do SíndicoLab

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