Como lidar com o conselho SíndicoLab Responde
Uma time que pode ajudar a alçar a gestão do síndico profissional ao sucesso, ou ao fracasso, que goza de prestígio junto aos condôminos e que, às vezes, pode entender mal o seu próprio papel: essa pode ser uma forma de conceituar o conselho fiscal nos condomínios.
Essa semana, um síndico profissional enviou uma pergunta sobre a atuação do conselho de um dos condomínios que administra. Vamos a ela:
Conselho fala demais e faz de menos, como agir? Sou síndico profissional.
Confira, abaixo, as respostas dos nossos especialistas:
Mauro Conte: Durante a minha trajetória, eu já me deparei com diversos tipos de conselho. O que realmente participa – inclusive já aconteceu até de a gente dividir tarefas, cada um tem seu viés, sua formação acadêmica – , e fica bacana, porque cada um cuida de um assunto no dia-a-dia, e o síndico organiza tudo, e todos participam. Esse seria o modelo exemplar.
Mas temos também outros estilos, que ficam apenas o dia todo dando notas para gente, como se fosse uma banca examinadora, fica ali dando opiniões, criticando, como se a gente estivesse passando por uma entrevista todos os dias. Isso é péssimo, mas também acontece.
Eu vejo, especialmente neste momento pós-pandemia, percebo os conselhos atuantes. E, aí, eu consigo realizar melhor as coisas. Mas, como o conselho, como o colega disse, só fala e não faz nada, procure organizar isso que eu citei. Por exemplo: se cada um assume um assunto para cuidar, e aí, quando eles assumem um compromisso de trabalho,aí vai ter uma meta, um prazo, talvez você consiga ter um maior envolvimento desse conselho, mais pró-atividade. Ou então, uma outra dica, não fica restrito só ao conselho. Porque nós somos síndicos do condomínio. Nós não somos síndicos somente dos conselheiros.
Já aconteceu também de eu propor a formação de comissões. O conselho pode até participar, mas, por exemplo, comissão de segurança, de melhorias, de eventos… porque os conselheiros podem participar, mas os moradores também vão interagir. E, aí, um vai cobrar o outro. Por exemplo, se cada um assumiu um assunto, na hora da reunião, cada um vai ter que apresentar o seu trabalho, a sua proposta, o seu resultado.
Então, acho que é uma boa maneira, uma dica para você não ficar apenas dando satisfações, ou tendo esse problema do conselho falar e você não realizar. Envolva outras pessoas em assembleia. Quando você tiver obras ou eventos, procura montar uma comissão. Ou então, combina com o conselho atual que você tem toda a autonomia prevista no Código Civil e que você vai, em algum momento, você vai ter que tomar decisões e que o conselho não pode travar o seu trabalho. Você está coberto pelo Código Civil, precisa executar as coisas, e será cobrado pelo condomínio, pelo coletivo, e não apenas pelos conselheiros.
São algumas dicas que eu sugiro para tentar, talvez, fazer o conselho se tocar que eles só estão falando – e isso eu vejo, também passo por isso – mas aí, quando você coloca pessoas novas, novos condôminos, em comissões, ou o que seja, talvez você consiga com que eles participem mais e falem menos.
Stefan Jacob: Muitas assembleias, ao eleger o síndico profissional, ou muitas vezes até o síndico morador, delegam para o conselho atribuições que passam o limite estabelecido na convenção. Que seria fiscalizar as contas, analisar a pasta, dar parecer sobre as contas. E muitas vezes não é isso o que acontece, e acabam interfirindo no trabalho do próprio síndico.
Então, o que eu sugiro: que convoque uma assembleia, com pauta específica para delimitar as alçadas de cada um dentro dessa estrutura do condomínio. Aí fica definido quem aprova conta, quanto o síndico pode gastar sem consultar o conselho, como são as aprovações, e daí o síndico vai ter bastante liberdade para fazer o seu trabalho, sem conflitar com o condomínio.
Ligia Ramos: Olha, o responsável civil e criminal é você. A gestão pode e deve ser participativa. Dê seus argumentos, diponibilize períodos de tempo para falar com o conselho, faça reuniões mensais. Mas, de fato, quem vai ter que decidir é você.
Caso o conselho queira determinar coisas e decisões, peça para colocarem por escrito, e leve as decisões, caso não sejam de comum acordo para uma assembleia decidir. Jamais aja por preferências ou determinações do conselho, não foi feito para funcionar assim.
O Código Civil brasileiro, as convenções, elas são muito claras quanto à governança dos processos de gestão de um condomínio. Você foi eleito como síndico profissional para ser isento, para ser uma pessoa que, com a sua experiência, com todo o seu cabedal técnico, vai poder tomar decisões de um lugar melhor do que pessoas que, por mais inteligentes e com boa vontade que tenham, elas estão envolvidas naquele condomínio.
Então, lembre-se: a responsabilidade é sua. Não terceirize. E, se a gestão é participativa, documente. Faça as atas do conselho, peça para as pessoas assinarem, depois faz uns bullet points e bota no grupo do whatsapp. E, claro, se não há aderência, se você vê que não está rolando, o conselho está contra você, volta para a assembleia – o órgão máximo em um condomínio. O síndico não é marionete, o síndico não está para ser testa-de-ferro de qualquer petit comité.
Confira as respostas em vídeo dos nossos especialistas:
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