COMO FUNCIONAM AS VÁLVULAS REDUTORAS DE PRESSÃO?
Por Ligia Ramos
Para que servem e quais as boas práticas para sua correta manutenção preventiva
Muitos não gostam de recordar das aulas de física do Ensino Médio, mas edifícios usam muitos conceitos básicos desta matéria para se manterem em pé e operantes. Precisam de muitos equipamentos de precisão atuando de forma coordenada para seu correto funcionamento, depois de que muitos cálculos e projetos tenham sido desenvolvidos por especialistas. Vamos focar apenas em um de seus sistemas hoje, que é o de distribuição de água e o controle de pressão da rede.
Para aqueles que não fazem ideia que como a água chega em suas torneiras, vamos dar uma breve explicação. A água entra normalmente da rua, proveniente da rede de abastecimento pública, para dentro das caixas d’água inferiores. A partir delas então, um complexo sistema composto por bombas de recalque, quadros de comando, válvulas, muitos metros de tubulações e inúmeras conexões levam essa água para o topo do edifício. Uma vez encaminhada lá para cima, a água é estocada nas caixas d’água superiores, cujas capacidades volumétricas são calculadas para suprir a demanda da população que habita o edifício, e evidentemente que seu peso computado nos cálculos estruturais.
Desta forma, a partir desse ponto elevado é que ocorre a distribuição para as unidades autônomas. Não é novidade para ninguém, que caixas d’água comumente fiquem no alto, de tal forma que se tire partido da gravidade para impulsionar a sua distribuição.
Ocorre porém que, quando as edificações são acima de uma determinada altura, a distribuição gravitacional não poderá ocorrer de forma direta. Isso porque a pressão exercida por esse fluído fica muito grande e pode romper tubulações, conexões e acessórios.
Por norma técnica estabelecida pela ABNT ( NBR 5626:1998), a pressão máxima em qualquer ponto de utilização não pode ser superior a 400 kPa ( 40 m.c.a., metros de coluna de água ) . Na prática, à medida que a distância do reservatório aumenta, ou seja, nos andares mais baixos, a pressão fica maior. Isso pode acarretar que tubulações, conexões e outros acessórios se rompam por não suportarem a grande força exercida contra suas paredes.
Para evitar, então, que isso ocorra, instalamos dispositivos mecânicos chamados de VRP ( válvulas redutoras de pressão) no meio do caminho. Dividimos os edifícios em níveis de pressão, geralmente alto, médio e baixo, e para cada um deles uma válvula estará servindo para garantir a correta pressão. Tais equipamentos funcionam como obstáculos, e a água, o passar por seu mecanismo interno, perde carga.
Podemos encontrar no mercado vários modelos de VRP. Elas são geralmente compostas por molas e membranas internas, e possuem um manômetro acoplado, através do qual se afere a pressão fornecida. Esses equipamentos possuem peças de ajuste ( em alguns modelos são parafusos que devem ser mais ou menos apertados ) e exatamente neste ponto que encontramos a maior parte dos problemas: muitos não sabem que com o passar do tempo esses ajustem se perdem.
As peças internas podem sofrer desgaste natural, ou o ar pode entrar na tubulação, o que pode ocasionar o mau funcionamento da VRP. Caso isso ocorra, teremos água passando por tubulações e chegando nos pontos de abastecimento com pressão inadequada. Se a pressão é baixa temos aquele fiozinho de água. Pior na verdade é quando a pressão é alta demais e temos jatos potentes: flexíveis, mangueiras e até tubulações podem se romper e os resultados podem ser vazamentos repentinos e misteriosos, os quais causam grande inconveniente e, na maioria das vezes, enormes prejuízos.
Dessa forma, a recomendação que é que a cada 6 meses um especialista vistorie todas as válvulas instaladas no edifício e faça um detalhada inspeção. Em cada uma das válvulas uma etiqueta deve ser afixada com a data da última e da próxima inspeção. Semanalmente zeladores ou manutencista treinados devem fazer as leituras dos manômetros e, em caso de vazamentos ou indicação de alterações nas pressões, esses equipamentos devem imediatamente passar por manutenção corretiva.
Por último, recomendamos fortemente que sempre se busque trabalhar com mão de obra homologada pelo fabricante das válvulas. Estes dispositivos são equipamentos de precisão, são caros, e por esse motivo demandam mão de obra qualificada.
VRP é um item que deve ser tratado no programa de manutenções preventivas dos edifícios, pois como demonstrado acima, a manutenção corretiva tardia pode implicar em graves problemas e enormes prejuízos.
*Ligia Ramos é síndica profissional e responsável pela D’Accord Síndicos Profissionais
COMO FUNCIONAM AS VÁLVULAS REDUTORAS DE PRESSÃO?