Como as raízes afetam as tubulações de água pluvial
Como uma imagem fala mais do que mil palavras, fica fácil entender que devemos nos preocupar muito com a escolha das espécies vegetais que vamos plantar nas jardineiras de nossos edifícios.
Normalmente, ficamos muito preocupados com o efeito que as plantas podem ter no sistema mecânico de impermeabilização de lajes e floreiras, o que é absolutamente correto. Para isso, existem as mantas asfálticas mais resistentes e deve-se evitar de qualquer maneira as plantas com raízes pivotantes.
Porém, não são apenas essas as plantas vilãs, e muitas vezes, se esquece das plantas com raízes tipo bucha, que formam raizumes volumosos, como as lindas palmeiras ornamentais, as quais podem produzir exatamente a imagem acima. Na foto, que mais parece tirada de um filme de ficção científica onde um alienígena penetra de forma indesejada em nosso mundo, temos um tubo de PVC de 75 mm, com sua luz quase que totalmente tomada por raízes finas, e muito resistentes, de uma palmeira tipo ARECA BAMBU.
O que acontece é que o sistema radicular de qualquer planta tem duas funções básicas as quais ela procurará cumprir de qualquer maneira, e com todo o vigor da natureza: absorção e fixação. As plantas precisam ser ancoradas por suas raízes e, para isso, buscam superfícies para a fixação.
Dessa necessidade geralmente surgem os danos ao sistema de impermeabilização. Bem, mas além disso, as raízes buscam água e, daí, a ideia de buscarem exatamente o caminho para onde a água corre, ou seja, o das tubulações.
O que normalmente vemos são canteiros pouco profundos, com pouco espaço de terra. As plantas, via de regra, não sofrem podas ou limpezas para contenção do crescimento e logo precisam buscar água, nutrientes e precisam de espaço para suas raízes.
Essa combinação é a situação perfeita para que danos à estrutura do edifício ocorram, pois as raízes precisarão sair em busca desses elementos, e é claro que a natureza não medirá esforços, seja arrebentando impermeabilizações ou entupindo tubulações.
O sintoma mais comum, através dos qual podemos diagnosticar a ocorrência dessa patologia nas tubulações, é a falta de escoamento dos ralos. O sistema de drenagem pluvial geralmente é todo conectado, e dessa forma as raízes formarão uma grande teia tomando todas as tubulações. Normalmente o zelador tenta desentupir os ralos por cima, chama uma desentupidora, que usa uma sonda de desentupimento. Porém, infelizmente, se o problema é antigo, esse procedimento não conseguirá eliminar esses resistentes cipós.
O que é preciso fazer é contratar um encanador para que ele desmonte toda a tubulação de conexão dos ralos. Tais tubulações, passam geralmente abaixo da laje do térreo, rente ao teto do primeiro subsolo. Com um procedimento simples vamos averiguando se os tubos estão livres ou entupidos: pode-se bater nos tubos com um objeto como um cabo de vassoura ou martelo de borracha, e dependendo do som emitido, poderemos deduzir se a tubulação está livre ou entupida.
Depois, abre-se as inspeções ( quando a instalação foi feita dentro das boas práticas de engenharia ) ou, se necessário, corta-se trechos da tubulação para a retirada das raízes manualmente, puxando-as e cortando-as.
Uma vez retiradas todas as raízes, reconectam-se os tubos com auxílio de luvas passantes. Uma vez feito isso, faz-se testes de escoamento nos ralos para se ter certeza que nem um trecho ficou ainda entupido, pois as raízes podem brotar e o pesadelo alienígena pode voltar.
E para evitar novos episódios, e mais prejuízos? Bem, uma vez eliminados os efeitos, vamos atacar as causas do problema. Deve-se proceder com a poda das plantas para equilibrar a massa foliar e com isso reduzir as raízes necessárias. Caso, porém, as plantas já estejam muito grandes, sugere-se que seja feita a substituição. Muitos condomínios possuem lindos jardins que, infelizmente, possuem erros de especificação.
Jardins sobre lajes não podem ser concebidos como jardins que serão implantados sobre solo franco. Assim, eventualmente deverá se optar por outra composição de plantas, buscando o mesmo efeito paisagismo, porém sem o efeito indesejável das plantas com raízes agressivas. Na dúvida, contrate sempre um especialista como um biólogo, um agrônomo ou mesmo um técnico agrícola, profissionais que entendem de plantas e poderão escolher espécies adequadas ao espaço que o condomínio dispõe.
Síndica profissional, arquiteta e bióloga 😉